domingo, 13 de dezembro de 2015




Clássicos Fora de Série Nacionais – Parte VI


Esportivos Fora de Série Nacionais: Brasinca Uirapuru

Stand da Brasinca no IV Salão do Automóvel
O Brasinca 4200 GT, lançado no Salão do Automóvel de 1964, foi desenhado por Rigoberto Soler, a pedido da em presa que daria seu nome ao modelo, especializada na estamparia e carroçarias para a industria automobilística. A denominação 4200 se referia ao motor Chevrolet de seis cilindros em linha com 4.277 cm³.


A robustez do chassi, aliada à mecânica Chevrolet
Esse motor, utilizado nos caminhões e picape Chevrolet e no utilitário Veraneio, desenvolvia originalmente 142 cv de potência bruta. No esportivo, o carburador de corpo simples foi substituído por três SU H4, de fluxo horizontal, e a potência passou para 155cv, mesmo com a taxa de compressão mantida em 7,3:1. 

O elevado torque do motor, típico de veículos comerciais, além da falta de opções no mercado, levou à permanência do câmbio de três marchas dos utilitários Chevrolet. Posteriormente, a Brasinca experimentou o câmbio Borg-Warner P10, com carcaça de alumínio, com Corvette.

Primeira versão, com faróis redondos, em propaganda de época 

Porém, como eram caros e difíceis de importar, a solução foi usar o câmbio Clark de 4 marchas, que ainda estava em testes sendo desenvolvido para o Dodge Dart, modelo que seria lançado no mercado brasileiro somente em 1968. Já os freios a tambor eram da Veraneio e a suspensão dianteira copiava a do Corvette, enquanto na traseira o eixo era rígido, mas com molas helicoidais.



O Brasinca 4200 GT na Revista Quatro Rodas


Interior Requintado do Brasinca 4200 GT
Fabricado em chapa de aço, parte estampada que era especialidade da Brasinca, mas também de forma artesanal, ele apresentava algumas características bastante avançadas no projeto, como as portas com desenho aeronáutico, que facilitavam o acesso ao interior. Outro destaque era o acabamento interno, com uso de materiais nobres como madeira de jacarandá e couro. Mas o Brasinca não contava com sistema de ar condicionado, o que acabava se tornando desconfortável em viagens.




Em 1965 passou a se chamar Uirapuru
No fim de 1965, com o País mergulhado em uma grave crise econômica, Brasinca desistiu do projeto, que foi assumido pela STV, Sociedade Técnica de Veículos, empresa pela qual um dos diretores era o próprio projetista Rigoberto Soler. Ele rebatizou o modelo com o nome do pássaro silvestre brasileiro Uirapuru.






Nas Pistas

O Uirapuru era sucesso nas Pistas
No primeiro semestre de 1966, a STV, lançou o Uirapuru GT-S e o GT-SS, equipados com diferencial autobloqueante. Para a divulgação, foi criada uma equipe de competição pois nos anos 60, para ter um esportivo de sucesso, era importante ser vencedor nas competições nacionais. Na mesma ocasião, a taxa de compressão do motor foi aumentada para 8:1 e ele passou a ser alimentado por três carburadores Weber SJOE, além de um novo comando mais “brabo”. A potência subiu para 171 cv no GT-S, possibilitando o Uirapuru superar a velocidade de 200 km/h.


No primeiro semestre de 1966, a STV, lançou o Uirapuru GT-S e o GT-SS,equipados com diferencial autobloqueante. Na mesma ocasião, a taxa de compressão do motor foi aumentada para 8:1 e ele passou a ser alimentado por três carburadores Weber SJOE, além de um novo comando mais “brabo”. A potência subiu para 171 cv no GT-S, possibilitando o Uirapuru superar a velocidade de 200 km/h. 


Foram produzidas apenas 3 unidades do modelo conversível
No V Salão do Automóvel em novembro 1966, foi apresentada a linha 1967, onde a STV apresenta seu tradicional cupê e mais dois novos modelos: o conversível e o protótipo de uma perua chamada de Gavião. O cupê e o novo conversível, agora com faróis retangulares mais coerentes ao desenho frontal, ganhou também um novo escapamento com saída única melhorando o nível de ruído. Painel e maçanetas foram redesenhados. Rádio passou a ser equipamento de série.

Protótipo da Perua batizada de Gavião
O protótipo da perua foi um projeto destinado à polícia rodoviária. Era blindada e vinha equipada com rádio transmissor, maca para transporte de feridos, equipamento de combate a incêndios e duas metralhadoras embutidas nos faróis de milha, com acionamento no interior do veículo. Esta perua não chegou a ser comercializada. O exemplar exposto  no Salão foi doado ao estado de São Paulo para teste, hoje em dia não se tem notícias do paradeiro dela.


O Uirapuru e Jensen Interceptor
Jensen Interceptor


Um fato curioso da época, e motivo de muita controvérsia, foi um caso com a fabricante inglesa de carros Jensen, que em 1966 apresentou o modelo Interceptor, claramente inspirado (ou plagiado) do Uirapuru. Notem que o carro inglês foi lançado dois anos depois que o brasileiro, de 1964. A Brasinca protestou na época, mas não se sabe ao certo como isto terminou. Coincidência ou não, o fato é que era muito parecido mesmo em todos os ângulos. As dúvidas e polêmicas fizeram só aumentar o carisma do nosso esportivo.


Final

Com todos esses requintes ele era o carro mais caro de sua época, alcançando cerca de 16 milhões de cruzeiros (em 1964), contra cinco milhões do Fusca, por exemplo, superando o Simca Rallye, que custava 11 milhões.

Em julho de 1967, com a falência da STV, o Uirapuru deixa de ser fabricado. Desde 1964, data de início da produção, foram construídos ao todo 77 exemplares somando todas as versões, sendo apenas três conversíveis.



Devido a pouca produção, restaram poucas unidades, que hoje estão nas mãos de colecionadores. Para ver um exemplar de perto só mesmo em eventos de carros antigos. Um carro bonito e rápido, criado para concorrer com importados saiu de cena, deixando saudades de um dos mais autênticos esportivos construídos no Brasil.


A Brasinca manteve-se produzindo carrocerias, fabricou picapes especiais e a caçamba do VW Saveiro, por exemplo. Rigoberto Soler dedicou-se a uma empresa de consultoria de projetos de veículos em São Paulo.

O Post de hoje resolveu ir além e contar o início da história dos esportivos nacionais, retratando aquele que seria considerado o primeiro grã-turismo nacional, o Brasinca 4200 GT, que mais tarde seria conhecido como Uirapuru e se tornou um dos mais rápidos veículos já feitos no país, na sua época, muito graças à mecânica 6 cilindros da Chevrolet.


Espero que tenham gostado e apreciado uma ótima leitura.


Aguardem o próximo Post e até lá.

Fonte: Revista Esportivos Brasileiros, Portal Maxicar, Retroauto.

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