Clássicos Fora de Série Nacionais – Parte VI
Esportivos
Fora de Série Nacionais: Brasinca Uirapuru
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Stand da Brasinca no IV Salão do Automóvel |
O
Brasinca 4200 GT, lançado no Salão do Automóvel de 1964, foi desenhado por
Rigoberto Soler, a pedido da em presa que daria seu nome ao modelo,
especializada na estamparia e carroçarias para a industria automobilística. A
denominação 4200 se referia ao motor Chevrolet de seis cilindros em linha com
4.277 cm³.
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A robustez do chassi, aliada à mecânica Chevrolet |
Esse
motor, utilizado nos caminhões e picape Chevrolet e no utilitário Veraneio,
desenvolvia originalmente 142 cv de potência bruta. No esportivo, o carburador
de corpo simples foi substituído por três SU H4, de fluxo horizontal, e a
potência passou para 155cv, mesmo com a taxa de compressão mantida em 7,3:1.
O
elevado torque do motor, típico de veículos comerciais, além da falta de opções
no mercado, levou à permanência do câmbio de três marchas dos utilitários
Chevrolet. Posteriormente, a Brasinca experimentou o câmbio Borg-Warner P10, com
carcaça de alumínio, com Corvette.
Primeira versão, com faróis redondos, em propaganda de época
Porém,
como eram caros e difíceis de importar, a solução foi usar o câmbio Clark de 4
marchas, que ainda estava em testes sendo desenvolvido para o Dodge Dart,
modelo que seria lançado no mercado brasileiro somente em 1968. Já os freios a
tambor eram da Veraneio e a suspensão dianteira copiava a do Corvette, enquanto
na traseira o eixo era rígido, mas com molas helicoidais.
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O Brasinca 4200 GT na Revista Quatro Rodas |
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Interior Requintado do Brasinca 4200 GT |
Fabricado
em chapa de aço, parte estampada que era especialidade da Brasinca, mas também de
forma artesanal, ele apresentava algumas características bastante avançadas no
projeto, como as portas com desenho aeronáutico, que facilitavam o acesso ao
interior. Outro destaque era o acabamento interno, com uso de materiais nobres
como madeira de jacarandá e couro. Mas o Brasinca não contava com sistema de ar condicionado, o que acabava se tornando desconfortável em
viagens.
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Em 1965 passou a se chamar Uirapuru |
No fim de 1965, com o
País mergulhado em uma grave crise econômica, Brasinca desistiu do projeto,
que foi assumido pela STV, Sociedade Técnica de Veículos, empresa pela qual um
dos diretores era o próprio projetista Rigoberto Soler. Ele rebatizou o modelo
com o nome do pássaro silvestre brasileiro Uirapuru.
Nas Pistas
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O Uirapuru era sucesso nas Pistas |
No
primeiro semestre de 1966, a STV, lançou o Uirapuru GT-S e o GT-SS, equipados
com diferencial autobloqueante. Para a divulgação, foi criada uma equipe de competição pois nos anos 60, para ter um esportivo de sucesso, era importante ser vencedor nas competições nacionais. Na mesma ocasião, a taxa de compressão do motor
foi aumentada para 8:1 e ele passou a ser alimentado por três carburadores
Weber SJOE, além de um novo comando mais “brabo”. A potência subiu para 171 cv
no GT-S, possibilitando o Uirapuru superar a velocidade de 200 km/h.
No
primeiro semestre de 1966, a STV, lançou o Uirapuru GT-S e o GT-SS,equipados
com diferencial autobloqueante. Na mesma ocasião, a taxa de compressão do motor
foi aumentada para 8:1 e ele passou a ser alimentado por três carburadores
Weber SJOE, além de um novo comando mais “brabo”. A potência subiu para 171 cv
no GT-S, possibilitando o Uirapuru superar a velocidade de 200 km/h.
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Foram produzidas apenas 3 unidades do modelo conversível |
No
V Salão do Automóvel em novembro 1966, foi apresentada a linha 1967, onde a STV
apresenta seu tradicional cupê e mais dois novos modelos: o conversível e o
protótipo de uma perua chamada de Gavião. O cupê e o novo conversível, agora
com faróis retangulares mais coerentes ao desenho frontal, ganhou também um
novo escapamento com saída única melhorando o nível de ruído. Painel e
maçanetas foram redesenhados. Rádio passou a ser equipamento de série.
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Protótipo da Perua batizada de Gavião |
O
protótipo da perua foi um projeto destinado à polícia rodoviária. Era blindada
e vinha equipada com rádio transmissor, maca para transporte de feridos,
equipamento de combate a incêndios e duas metralhadoras embutidas nos faróis de
milha, com acionamento no interior do veículo. Esta perua não chegou a ser
comercializada. O exemplar exposto no Salão foi doado ao estado de São Paulo
para teste, hoje em dia não se tem notícias do paradeiro dela.
O Uirapuru e Jensen Interceptor
Jensen Interceptor |
Um fato curioso da época, e motivo de muita controvérsia, foi um
caso com a fabricante inglesa de carros Jensen, que em 1966 apresentou o modelo
Interceptor, claramente inspirado (ou plagiado) do Uirapuru. Notem que o carro
inglês foi lançado dois anos depois que o brasileiro, de 1964. A Brasinca
protestou na época, mas não se sabe ao certo como isto terminou. Coincidência
ou não, o fato é que era muito parecido mesmo em todos os ângulos. As dúvidas e
polêmicas fizeram só aumentar o carisma do nosso esportivo.
Final
Com
todos esses requintes ele era o carro mais caro de sua época, alcançando cerca
de 16 milhões de cruzeiros (em 1964), contra cinco milhões do Fusca, por
exemplo, superando o Simca Rallye, que custava 11 milhões.
Em julho
de 1967, com a falência da STV, o Uirapuru deixa de ser fabricado. Desde 1964,
data de início da produção, foram construídos ao todo 77 exemplares somando
todas as versões, sendo apenas três conversíveis.
Devido a
pouca produção, restaram poucas unidades, que hoje estão nas mãos de
colecionadores. Para ver um exemplar de perto só mesmo em eventos de carros
antigos. Um carro bonito e rápido, criado para concorrer com importados saiu de
cena, deixando saudades de um dos mais autênticos esportivos construídos no
Brasil.
A
Brasinca manteve-se produzindo carrocerias, fabricou picapes especiais e a
caçamba do VW Saveiro, por exemplo. Rigoberto Soler dedicou-se a uma empresa de
consultoria de projetos de veículos em São Paulo.
O Post de hoje resolveu ir além e contar o início da história dos esportivos nacionais, retratando aquele que seria considerado o primeiro grã-turismo nacional, o Brasinca 4200 GT, que mais tarde seria conhecido como Uirapuru e se tornou um dos mais rápidos veículos já feitos no país, na sua época, muito graças à mecânica 6 cilindros da Chevrolet.
Espero que tenham gostado e apreciado uma ótima leitura.
Aguardem o próximo Post e até lá.
Fonte: Revista Esportivos Brasileiros, Portal Maxicar, Retroauto.
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