terça-feira, 24 de novembro de 2015






Clássicos Fora de Série Nacionais - Parte III


Esportivos Brasileiros: FNM FÚRIA GT

 

Esportivos com mecânica Alfa Romeo sempre foram modelos bem-sucedidos... no mercado italiano. No Brasil, a produção da marca nunca alcançou voos longos. Inicialmente os Alfa foram produzidos sob licença pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que colocou seu “cuore sportivo” nas grades dos sedãs como o JK ou o 2300, nos anos 60. Depois de uma tentativa frustrada de produzir o FNM Onça cinco anos antes, em 1971 surgiu oportunidade de se criar um cupê Alfa nacional. Era o GT da Fúria Auto Esporte, empresa do projetista Toni Bianco e do executivo da FNM Vittorio Massari. 

A traseira estilo fastback tinha lanternas de Mercedes


   O FNM Onça era uma carroceria decalcado do Mustang Hardtop 1964 e vestia um chassi de FNM JK.  Foi um projeto de Rino Malzoni, criador do Puma e do Malzoni DKW.

A ideia nasceu por sugestão do engenheiro da FNM que cuidava do braço de competições da marca. Segundo Bianco, ele insistiu com a ideia durante nove meses para construir o carro. O protótipo de aço serviria de molde para as carrocerias definitivas de fibra de vidro, material já usado nos para-choques. Linhas retas predominavam como num típico edifício de arquitetura Bauhaus. O cupê fastback 2+2 previa o estilo do 2300 e lembrava mais o Lamborghini Jarama que qualquer Alfa italiano – exceto o GTV, que só surgiria em 1974. 



Por dentro, o Fúria-FNM apresentava painel completo e um acabamento requintado em couro.

Os bancos dianteiros tinham formato de concha e apoio de cabeça, enquanto o volante – esportivo com três raios metálicos – era de madeira. A ignição ficava à esquerda do volante num painel que espelhava os traços externos. “Num almoço no Rio, conseguiram vender 50 unidades”, diz o projetista sobre seu primeiro carro de rua, que usava logotipos da Alfa. 









A mecânica era a do FNM 2150, com motor quatro cilindros e 2.131 cm³.  O câmbio era o tradicional Alfa Romeo de cinco marchas à frente, com alavanca no assoalho. A tração era traseira e a suspensão, independente na dianteira e eixo rígido atrás. Na época dizia-se que Bianco reduziu o entre-eixos para 2,5 metros – o mesmo da 2000 Spider – e adicionou dois carburadores duplos, além de elevar a taxa de compressão. Ele afirma que a plataforma veio da Itália, de um Alfa de competição. Criado para ser 300 kg mais leve que um sedã FNM 2150, o Fúria produzia 130 cv, razoável para um modelo que pesava 1.100 kg e tinha máxima estimada em 170 km/h. Previa-se a produção de 12 a 25 unidades por mês. 



Em novembro de 1971, QUATRO RODAS publicou impressões ao dirigir do protótipo. Os elogios iam para visibilidade, nível de ruído, estabilidade em curvas, freios e posição ao volante, com câmbio e comando bem ao alcance. Já o acelerador e o freio ficavam próximos demais, o que atrapalhava o puntatacco. A direção era precisa, mas dura. “Aos poucos, a gente vai sentindo seu rodar macio, ajudado pela suspensão original do FNM 2150”, dizia o texto. 




Devido ao sucesso do almoço no Rio, foi alugado um galpão em Interlagos, no qual foi construídos os moldes e as primeiras cinco carrocerias em plástico, porém nunca haveria outro Fúria. Bianco diz que nunca obteve uma explicação precisa sobre o fato, mas não sabe por que o interesse pelo GT se perdeu. Dessa forma, o projeto foi arquivado antes de entrar em produção. Certo dia recebeu a informação de seus sócios que tinha de parar com tudo por que a Alfa Romeo havia mandado. O protótipo do carro que poderia ter feito companhia para o Puma GTB e o Santa Matilde nos anos 70 era vermelho, cor presente até nas rodas de magnésio de aro 15. Mas já havia sido pintado de prata antes na própria FNM para eventos posteriores à avaliação da revista. 





Dessa forma, de todas as carrocerias construídas, a única que "vingou" foi o protótipo acima, tornando este modelo raríssimo e presente em eventos voltados a veículos antigos.


O post de hoje retrata a história de mais um esportivo criado sob a alcunha do projetista Toni Bianco, responsável também pela criação do Bianco S (já falado no post anterior) e o Dardo. O FNM Fúria foi um dos esportivos que cativaram o público brasileiro durante o início da década de 1970. Porém por motivos particulares do fornecedor do motor, até hoje desconhecidos pelos entusiastas, acabou não entrando em produção e sendo mais um que acabou ficando pelo caminho, dentre vários outros. 

Bom , espero que tenham tido uma boa leitura e gostado de mais uma história de nossos esportivos quase esquecidos e que merecem ser relembrados da época que possuíamos uma industria genuinamente nacional.

Aguardem o próximo Post e até lá.

Fonte: Quatro Rodas Clássicos, Revista Esportivos Brasileiros e Best Cars Web Site.


  

Nenhum comentário:

Postar um comentário