quinta-feira, 26 de novembro de 2015




Clássicos Fora de Série Nacionais - Parte IV

Esportivos Brasileiros: Dardo


Fiat X 1/9 1972
Em 1972, a Fiat apresentava ao mundo seu X1/9. Obra do estúdio Bertone, somou aproximadamente 170.000 unidades produzidas até ser descontinuado em 1988, tornando-se o carro de motor central-traseiro mais vendido de todos os tempos. Predicados não faltavam: com baixo preço, boa distribuição de peso e desenho interessante, enfrentou bem o passar dos anos. Sobreviveria depois de 1982 com a marca Bertone. Em viagem à Europa, em 1977, o projetista Toni Bianco viu o carro no Salão de Turim e teve a ideia de fazer algo parecido no Brasil, ideia aprovada pelos diretores do grupo Caloi, ao qual pertencia a Corona S.A., empresa especializada em transporte pesado e fabricação de tanques de armazenamento de líquidos. 

Não seria com a tradicional solução da mecânica VW a ar que esse fora-de-série seria viabilizado. Com dois anos de vida no país, a Fiat foi a opção natural ao ceder o trem de força do 147 Rallye, com seus 1,3 litro e 72 cavalos brutos. Em novembro de 1978, montado entre os eixos do chassi tubular projetado por Toni e recoberto por carroceria de fibra de vidro (FRP), o protótipo apresentado no Salão do Automóvel possuía estética muito próxima do original e na ocasião, recebeu a denominação Dardo F 1.3. Além disso, possuía faróis escamoteáveis como no modelo original e lanternas do Alfa Romeo 2300. Na primeira semana do evento, o estande já acumulava 50 pedidos, receptividade que deu origem à criação da empresa Dardo Indústria e Comércio.



Com suas pequenas cilindradas, os motores Fiasa ganharam fama na época por fazer um Fiat 147 andar tanto ou mais que um Fusca 1600. Era de esperar que em veículo mais aerodinâmico rendessem ainda melhor. Porém, não foi o que se viu no teste publicado por QUATRO RODAS 247, em fevereiro de 1981. Ainda que com 96 quilos a mais que o hatch que lhe cedia mecânica, andou menos que os também esportivos Adamo GTL e Puma GTE, ambos testados em 1979 e com o veterano 1.6 refrigerado a ar do besouro a impulsioná-los.










O primeiro Dardo de produção regular saiu da fábrica em 1979. Em novembro daquele ano, na edição 232, a revista publicou um Impressões ao Dirigir com um protótipo. De cara, agradaram a estabilidade e as qualidades de condução e frenagem, por conta os quatro discos sólidos, solução rara naqueles tempos.

Diferentemente de outros fora-de-série, as vendas do Dardo ficavam a cargo da rede autorizada Fiat, assim como a manutenção, isso pelo fato de o Dardo ter sido testado e aprovado na sede da fábrica em Betim (MG).

Interior de um Dardo X 1/9
Em um carro para duas pessoas, os 310 litros dos dois porta-malas somados eram mais que suficientes. À disposição do motorista, estavam instrumentos auxiliares vindos do Passat TS. Mesclando tecido e couro, o ambiente agradável oferecia comandos bem acessíveis.

Não era um conversível verdadeiro, mas sim um modelo Targa, com teto removível de plástico. "Mesmo uma mocinha consegue removê-lo e colocá-lo, de tão leve", diz Rosário di Priolo, dono da Corona. Sentia-se o sol na cabeça, mas o ambiente não ficava tão arejado quanto o de uma capota completamente abaixada. O ar-condicionado, opcional, compensava isso em parte.


A exemplo de outros fora-de-série, problemas de qualidade o acompanharam na carreira. Defeitos como a ondulação da fibra e massa plástica disfarçando defeitos na capota, algo impróprio para um carro de quase 1 milhão de cruzeiros. Já a dificuldade de engate das marchas, a ponto de gerar dúvidas se estavam mesmo engrenadas, era um mal congênito do pioneiro, por aqui, Fiat 147, doador da mecânica.

O fraco desempenho melhoraria em 1982, com o motor 1.5 de 96 cavalos brutos, preparado por Silvano Pozzi. Também o painel do Passat cedeu lugar ao painel do Oggi. Em 1983, começava a se distanciar do desenho do X 1/9, ganhando lanternas do Del Rey e faróis escamoteáveis sem cobertura, que ficavam deitados quando fora de uso, à moda do Porsche 928.


Durante cinco anos, foram fabricados cerca de 300 unidades do modelo.Um número razoável, mas que não correspondia ao desejo da empresa que planejava mais quando entro no mercado de esportivos. Por isso, os responsáveis pela empresa resolveram encerrar as atividades no fim de 1983. Poucos meses depois, foram vendidos os moldes e o ferramental para Rosário de Priolo, que transferiu a fábrica para Cotia, na Grande São Paulo. Logo depois, em 1985, por falta de fôlego, financeiro, o Dardo deixou de ser produzido.


O Post de hoje descreveu a história do terceiro esportivo fora de série projeto por Toni Bianco feito em sequencia, os dois primeiros foram o FNM Fúria GT e o Bianco S/Tarpan, já falados em posts anteriores. Esse é mais um dos carros clássicos de importante história para o antigomobilismo e merecem reconhecimento pelo que representou para nossa industria nacional enquanto o país estava "fechado" para importações de veículos e por motivos financeiros, teve sua produção findada com menos de 1 década de existência.


Bom, espero que tenham gostado e apreciado uma ótima leitura sobre o mais retrato de nossa industria nacional.

Aguardem o próximo post e até lá.





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