domingo, 22 de novembro de 2015




 Clássicos Fora de Série Nacionais - Parte II

Esportivos Brasileiros: Bianco S/ Bianco Tarpan



O Bianco 


Em 1976, no Salão do Automóvel em São Paulo, era apresentado mais um esportivo nacional com carroceria em plástico reforçado com fibra-de-vidro e as consagradas plataforma e mecânica da Volkswagen: o Bianco. Era obra de Toni Bianco, famoso projetista paulista de origem italiana, que desde a década de 60 projetava carros de competição. Para aqueles que já acompanhavam as corridas no País, porém, a carroceria do Bianco não era novidade. Um carro muito semelhante, com o nome de Fúria, correra nos principais autódromos do Brasil. Usava mecânica do FNM 2150, do Chevrolet Opala, V8 da Chrysler, BMW e até um V12 da Ferrari. O sucesso na exposição foi grande: foram vendidas no estande 180 unidades. O esportivo de linhas modernas agradava por sua beleza de qualquer ângulo que fosse visto. Como manda a regra, tinha dois lugares, linhas curvas e muito aerodinâmicas. Para um carro com estas características, a área envidraçada era ampla, o pára-brisa enorme e envolvente, e sua visibilidade para a frente e os lados era muito boa. Além disso, possuía faróis de Brasília e lanternas da linha Opala da época.


Esportivo de Corrida Fúria, que inspirou o design e a criação do Bianco S. 

Fúria com motor Alfa Romeo 





Fúria com motor BMW em Araxá 2010











Bianco no X Encontro Paulista de Autos Antigos - Águas de Lindóia em 2005

A construção do primeiro protótipo do Bianco foi artesanal. Uma estrutura de arame deu origem às suas formas e a partir daí foram criados moldes para as partes de fibra de vidro. Os carros, que usavam a plataforma do Fusca, eram produzidos em Diadema (SP) à razão de 27 unidades mensais.



No aspecto de segurança, o carro já trazia elementos avançados para um fora-de-série daquela época. Tinha duas barras anticapotagem e reforço de chapa nas laterais para o caso de colisão. Ele concorria diretamente com o Puma e o Adamo e, não raro, era confundido com esportivos importados,como o Lamborghini Jarama,  até ser desmascarado pelo inconfundível som do motor boxer 1600 refrigerado a ar. Decididamente, suas linhas criavam uma expectativa que o motor de 65 cavalos não podia cumprir. Os números de teste da edição de dezembro de 1977 mostravam uma leniente aceleração de 17,7 segundos no 0 a 100 km/h e uma máxima de mornos 146 km/h. Um motor que proporcionasse ritmo mais vivaz chegou a ser cogitado. Mas, segundo Toni Bianco, a ideia não se concretizou. 

Interior de um Bianco S

As portas amplas que se abrem para a frente dão acesso aos bancos de couro. Aos motorista, que se acomoda com as pernas rentes ao chão, é reservada uma esportiva posição de dirigir. À sua frente está um painel com completo arsenal de instrumentos e um nostálgico - e politicamente incorreto nesses tempos - volante com aro de madeira envernizada combinando com a bola da alavanca de câmbio. Quase tudo na cabine - painel, console e estofamento - é revestido de couro, recurso que dá um ar refinado ao ambiente. O motor é o mesmo que era usado na Brasilia, alimentado por dois carburadores 32 de corpo simples. A relação de diferencial, mais longa, foi emprestada do SP2. A estabilidade e a dirigibilidade eram pontos altos do Bianco.


Motor de dupla carburação da VW Brasília
O pequeno porta-malas fica na dianteira, e o estepe divide o cômodo com o motor. Os proprietários de Bianco contavam com assistência técnica da rede VW para eventuais ocorrências mecânicas. 


Em 1978, foi lançada a Série 2. Com pequenas alterações externas eram vistas no capô, que não tinha mais as entradas de ar e interior ainda mais bem cuidado. Atrás, na parte inferior da carroceria, abaixo da placa, havia saídas em forma de triângulo que ficavam entre os dois canos de escapamento. Antes das caixas de roda traseiras surgiam pequenas entradas de ar horizontais para o motor.

Cartaz do Bianco S2 no Salão de Nova York 1978
Por dentro o Bianco ganhava novos bancos em couro e forração das portas no mesmo material. O espaço atrás dos encostos também estava maior para pequenas bagagens. Um problema enorme dos carros de fibra na época era a vedação: em chuvas fortes entrava água mesmo. Mas o fabricante melhorou esta versão com um trabalho mais cuidadoso e materiais mais nobres.

O painel trazia novo desenho e instrumentação completa, com conta-giros, marcadores de pressão e temperatura do óleo e relógio.

No quesito segurança, vinham cintos de segurança de três pontos, novas palhetas dos limpadores dos pára-brisa e uma luz-espia que indicava pane nos sistemas de freios. 

Fez sucesso também no Salão do Automóvel de Nova York, em 1978.




O Tarpan 

Ainda em 1978 foi apresentado o Tarpan. Em princípio este carro seria uma evolução do Bianco, mas suas linhas estavam longe de agradar a todos.  No salão foi apresentado com mecânica do Passat TS, de 1,6 litro e ótimo desempenho para a época. Foi prometido com quatro freios a disco, pára choques retráteis, um isolamento térmico e acústico feito de poliuretano injetado, etc. Mas na produção em série foi utilizada a mesma mecânica do VW Brasília e, por isso, o desempenho continuou modesto. Foi fabricado até 1981, sem conseguir o brilho do antecessor. 


O Bianco Tarpan foi disponibilizado nas versões cupê e conversível.


Bianco Tarpan Conversível 1981
Bianco Tarpan no XVI Encontro Paulista de Autos Antigos - Águas de Lindóia em 2011

O Post de hoje teve o prosseguimento da história de nossos esportivos nacionais, que foram almejados por muitos e fizeram nossa criativa industria automotiva nacional produzir inúmeros clássicos - alguns verdadeiras raridades , numa época em que não podia se importar veículos, tornando - se sonhos de consumo e sendo bastante disputados pelos colecionadores. 

Espero que tenham apreciado e tido uma ótima leitura.

Aguardem o próximo Post e até lá.


Fonte: Quatro Rodas Clássicos, Best Cars Web Site, Bianco - Retroauto, Revista Esportivos Brasileiros.



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